sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Olhos fechados, pensamentos voando livremente sobre um céu estrelado, infinito. A janela do quarto aberta, o vento entrando sem pedir licença, sem se importar com minha presença. Já é noite. O dia passou e novamente não percebi, esqueci de lembrar de poucas, talvez, algumas muitas coisas que havia planejado fazer. Tudo bem, amanhã é um novo dia. Deitada, ou simplesmente jogada na cama bagunçada em meio a livros, cadernos e canetas, procuro ler, mas algo me incomoda e não presto atenção à leitura, quando isso acontece e percebo que tenho que ficar voltando e relendo os parágrafos decido parar, pois não adianta ler e não saborear, não mergulhar na maré das palavras, então, deixo para outro momento. Pego um velho caderno repleto de rabiscos, de frases, de lembretes, busco uma página em branco e com a caneta de tinta preta na mão penso sobre o que escrever e me vejo perdida no deserto da dúvida, do nada, talvez, do medo e insegurança. E começo a vasculhar esse deserto aparentemente tão vazio e desinteressante, pelo fato de já existirem tantos oásis perfeitos, que conseguem retratar coisas tão interessantes, textos tão bem elaborados que transmitem mensagens acolhedoras que grande parte de quem lê se identifica. Então penso em deixar o caderno no chão e escrever depois, mas sei que se fizer isso o desconforto aqui dentro não vai sair, só vai crescer. Assim, começo a escrever livremente, sem entender muito bem o porquê dessa necessidade, é minha terapia das palavras. E ao meio a essa bagunça vou descobrindo as maravilhas escondidas nesse deserto tantas vezes tão insuportável. Quem sabe um dia, quando menos esperar eu olhe e veja o meu próprio paraíso, que não necessariamente seja um oásis.